33ª Semana do Migrante: A vida é feita de encontros

O Papa Francisco, ao lançar a campanha “Compartilhe a Viagem”, nos convoca para caminhar com os migrantes, propondo como a Igreja deve responder aos desafios atuais e urgentes quanto à  acolhida de refugiados (as) e migrantes nos dias de hoje. Partindo dessa compreensão, abraçamos a reflexão que migração não é um fenômeno recente e, sim, parte da história da humanidade. Porém, as causas mais constantes desses movimentos, na atualidade, perpassam questões econômicas e/ou políticas, desastres naturais ou provocados, situações de guerra ou ainda motivados pela constante e generalizada violação de direitos humanos.

É fato que os períodos históricos as pessoas mudam, mas o movimento de um lugar para outro caracteriza que a migração continua sendo um fenômeno complexo e com motivações diversas, onde os sujeitos são forçados ou atraídos, inclusive em grandes contingentes a buscarem melhorias
nas condições de vida, alcançando ciclos migratórios nacionais e/ou internacionais, nem sempre conseguindo êxito nesse intuito.

A Campanha “Compartilhe a Viagem” propõe incentivar as pessoas, homens, mulheres, crianças e jovens, de todos os credos e religiões, para irem ao encontro dos migrantes, colaborando na construção de uma cultura de Paz, a partir das histórias de vida e da diversidade cultural dos migrantes. Por isso, é importante enxergar os migrantes como oportunidade  nesse projeto de reconstrução das sociedades. Vale observar que a referida Campanha veio em um momento histórico  para a Igreja e a sociedade, onde o refugiado e os migrantes em geral, têm sofrido, tanto nas regiões de origem, como nas de destino, as diversas formas de exploração e discriminação existentes nos espaços em que o capital domina e exclui cada vez mais as pessoas e suas potencialidades. Lembremos que, nesse sentido, o Papa Francisco enfatizou que as nações do mundo têm o dever de acolher os migrantes de braços abertos, a todos e todas. “Irmãos, não tenham medo de partilhar a jornada. Não tenham medo de partilhar a esperança”.

Para a Igreja, é muito importante reforçar os direitos dos migrantes, refugiados e das diversas categorias migratórias e esse dever-desafio encontra sentido quando denunciamos, por exemplo, o trabalho escravo e o tráfico de pessoas, uma vez que, não podemos, em hipótese alguma, permitir tais violações. Sabemos que os países que ratificam as Convenções internacionais e constroem uma legislação nacional para Migrantes e Refugiados assumem a responsabilidade de oferecer proteção e assistência apropriadas. No entanto, quando se instalam em outros países, nem sempre os migrantes são bem recebidos. Atualmente, inclusive, há um comportamento que estimula a sociedade a rejeitar as pessoas nestas condições, sem sequer perceberem que, na maioria das vezes, quase todos e todas fomos ou somos migrantes.

Em sintonia com o espírito da 33ª Semana do Migrante, como nos lembra Pe. Alfredo Gonçalves, em seu texto “A sede e a Água Viva”, reflitamos: “O segredo da vida cotidiana é que a água viva não jorra de grandes feitos, de atos heroicos, de decisões bombásticas. A água da chuva, dos rios e dos oceanos é feita de pequenas gotas. O mesmo ocorre com a água viva que brota do Evangelho. Um olhar, um sorriso, uma palavra, um toque, uma visita, um “bom dia”, um ouvido atento, um coração aberto, a mão estendida num gesto de solidariedade – eis as gotas que formam o oceano”.

Neste sentido é que foi apresentada a 33ª Semana do Migrante, neste ano celebrada de 17 a 24 de junho de 2018, coordenada, pela primeira vez, dentro do conjunto de pastorais e organismos da CNBB e outras instituições que trabalham a causa migratória e que, unidas, colocam e proclamam seu tema: A VIDA É FEITA DE ENCONTROS e seu lema: BRAÇOS ABERTOS SEM MEDO PARA ACOLHER!

Dom José Luíz F. Salles – Presidente do SPM e
Bispo da Diocese de Pesqueira-PE

Dom João José Costa – Presidente da Caritas Brasileira e
Arcebispo da Arquidiocese de Aracajú- SE

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