A busca do amor pelo Amado

A compaixão pela humanidade e o amor por Deus condensam todo o pensamento bíblico. Não existem outras formas de nos ligarmos ao Amado sem estarmos ligados ao irmão. O primeiro e o segundo criam raízes, pois, somente juntos nos ajudam a aproximar-nos de Deus.

A nós, cabe o dever de buscá-Lo todos os dias, de recuperar o que é essencial, descobrir o “Espírito perdido” e indagarmos: O que é essencial? Qual é o primeiro mandamento? Onde encontro a verdadeira resposta e o caminho de tudo? As minhas ações estão corretas assim como também a minha vida?

A essência de Deus é o amor, porque o homem foi criado à sua imagem. Não somos nós que estamos no coração de Deus, é ele que habita e está em nossos corações como participantes de seu próprio dom que é o amor.

No capítulo 21 do Evangelho de João, Jesus e Pedro se encontram em um diálogo traduzido no verbo “amar”. Aqui temos os diferentes tipos de amor que nos ligam ao Senhor.

“Depois de comerem, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, você me ama realmente mais do que estes? ” Disse ele: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse Jesus: “Cuide dos meus cordeiros”. Novamente Jesus disse: “Simão, filho de João, você realmente me ama? ” Ele respondeu: “Sim, Senhor tu sabes que te amo”. Disse Jesus: “Pastoreie as minhas ovelhas”. Pela terceira vez, ele lhe disse: “Simão, filho de João, você me ama? ” Pedro ficou magoado por Jesus lhe ter perguntado pela terceira vez “Você me ama? ” e lhe disse: “Senhor, tu sabes todas as coisas e sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Cuide das minhas ovelhas.

Esquecermo-nos do essencial ocasiona um grande risco de nos perdermos na mediocridade que, pela nossa vivência junto ao mundo, sempre nos justificamos com desculpas e nunca assumimos erros, com isso, nos enganamos diariamente. A falta dessa causa moral nos impossibilita de ter uma relação sadia com Deus, ainda dificultando e destruindo nossas relações com o próximo por não estarmos ligados com o Amado.

Quem ama, acaba descobrindo o verdadeiro sentido da vida e tendo os seus dias mais felizes porque se une a Deus, caminhando cada dia ao seu encontro.

Outro grande problema é que nos confundimos ao conhecer esse amor e conhecer realmente o Amado. Nos enganamos! Ligamos a busca desse amor com o mundo que proporciona felicidades passageiras, que sustentam o nosso interior e saciam momentaneamente nossos desejos e até nos direciona em algumas decisões. O grande problema é que esse amor não é o que realmente a alma deseja, pois é passageiro e as frustrações reaparecem nos fazendo novamente indagar: Onde está o Amado?

Sabemos que toda expressão do amor é o que nos une ao que é Divino. Amar é fazer tudo com o coração. Desde os antigos, nas tradições judaicas e cristãs, o centro da pessoa é o coração. O amor Ágape não nasce da minha sede, mas sim, da fonte que é Cristo.

Os nossos erros não podem ser justificados pelas nossas fraquezas tão usuais em nossos dias. Os nossos atos e nossos caminhos são guiados erroneamente quando não conseguimos descobrir a poderosa ligação entre o amor e o Amado que nos une ao irmão, e a falta dessa união ocasiona uma grande perda. A perda de nossa essência justificada pelo meio de onde viemos, pelos caminhos que percorremos, pela influência errada do outro, pelas tristezas que a vida nos trouxe, por outras tantas que nos aprisionam todos os dias.

“…amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração… amarás o teu próximo como a ti mesmo”

Amar a Deus de todo o teu coração é muito mais do que amar Deus por palavras. É necessária ação, colocando o outro no lugar do meu próprio eu. Amando o nosso próximo estamos amando a nós mesmos e consequentemente a Deus. O caminho do amor sempre será um continuo êxodo.

Enfim, somente com esse amor ao meu eu e ao meu próximo que saberei continuar caminhando ao encontro do Amado com dignidade, respeito, caridade e fé. Como dizia Santo Agostinho: “O peso da alma é o amor”.

Philip Rangel

Seminarista Diocesano

Referências:

PALAORO, Pe. Adroaldo, sj . O peso da alma é o amor. <https://centroloyola.org.br/revista/outras-palavras/espiritualidade/670-o-peso-da-alma-e-o-amor-s-agostinho> Acesso em: 03 de outubro de 2018.

Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.

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